Para você que nunca sequer abriu um editor HTML, estes que estão disponíveis até mesmo em blogs, programar pode ser um um objetivo inalcançável, que remete a telas pretas, com muitos números e símbolos que a princípio formam sentenças estranhas. A boa notícia aos interessados que querem aprender a linguagem dos códigos é que os tempos são outros, as telas pretas são apenas uma das muitas interfaces existentes. Opções de plataformas e ambientes amigáveis para quem está disposto a começar a programar não faltam.
O que falta, segundo Mark Zuckerberg, são desenvolvedores. Não que isso seja uma novidade, mas na plataforma code.org, que reúne depoimentos de celebridades de diferentes áreas do conhecimento, o fundador e CEO do Facebook afirma que a política da empresa é contratar o maior número possível de desenvolvedores talentosos que encontram, exatamente por não haver bons profissionais com essa habilidade suficiente para dar conta do mercado.
Se em escolas e universidades a disciplina de programação ainda é limitada e obscura na maioria dos currículos, há opções para todos os públicos para cursos grátis.
Ainda na infância, o aprendizado pode contar com o suporte de softwares como o Scratch, desenvolvido no MIT (Massachusetts Institute of Technology). Um dos mais aclamados pelos educadores, o Scratch não exige conhecimento de qualquer outra linguagem de programação. Na versão mais recente, a 2.0, permite que o usuário faça seus projetos on-line, sem precisar baixar qualquer programa. Funciona quase como um “lego virtual”, onde programas são construídos a partir do encaixe de blocos.
No Brasil, o Scratch tem seus adeptos, como o professor Marcelo Molina, coordenador de Educação Tecnológica do Colégio JK, em Brasília. Em 2011, ele esteve no Medialab do MIT, em Boston (EUA), e trouxe de lá o software da casa. Desde então, as aulas de robótica para seus alunos do ensino fundamental não são as mesmas. “Assim que voltei, criei um currículo para trabalhar com o Scratch na Robótica, e avançamos bastante. Agora, os alunos já fazem games e desenvolvem programas unindo esse software ao [sensor de movimento] kinect, que teve o seu código aberto”, conta ele, entusiasmado.
A introdução à programação no Colégio JK não significa, necessariamente, a preparação de uma turma de desenvolvedores natos. “O que fazemos aqui é despertar as possibilidades. A robótica está no nosso currículo há sete anos porque é uma forma lúdica e estimulante de trabalhar a lógica”, pondera o educador.
Plataformas e cursos gratuitos
Para quem não conta com um professor no suporte da aprendizagem, as comunidades para troca de conhecimento estão aí. Aprender sozinho ou em grupo é uma possibilidade na Codecademy, onde os cursos são gratuitos. A plataforma conta com versão em português, mas apenas nas páginas iniciais. Após o acesso, que é dos mais simples e pode ser feito por meio dos perfis das redes sociais Twitter, Facebook ou ainda com um cadastro breve, os comandos passam a ser em inglês. Uma vez no ambiente, as trilha de aprendizagem são oito. Começam no Web Fundamentals e seguem até APIs (Interface de Programação de Aplicativos). Para quem quer apenas criar sites simples, lá está curso o HTML, disponível. Se a ideia for desenvolver ambientes interativos, basta recorrer ao Java, mais complexa. Tudo funciona na base de exercícios e na dinâmica da gamificação. O usuário vai somando pontos, vai completando etapas, como numa trilha de games mesmo. Porém, ao fim do “percurso”, nada de badges nem inimigos abatidos. Um site construído, sim, pode ser a recompensa.
A CodeAcademy surgiu em 2012, mas como startup já é reconhecida. Dentro da plataforma Code.org, um outro espaço virtual para imersão nos códigos, é uma das “escolas” referenciadas. Lá também estão em destaque as aulas de programação da Khan Academy, em formato vídeo, e os tutoriais para o Scratch. Ser um hub de ambientes de aprendizagem, e não uma plataforma com conteúdos próprios, é a proposta, até o momento, da Code.org, que cumpre bem esse papel. No endereço é possível encontrar também os cursos de universidades on-line, como Coursera, Edx, Udacity, além de uma lista de tutoriais e indicações de aplicativos que ajudam os iniciados na programação a desenvolverem suas ideias. Esses cursos também costumam ser gratuitos e têm duração de seis e dez semanas. As únicas premissas para aprender são dominar o idioma inglês e ter tempo para se dedicar.
Não tão populares, mas bastante amigáveis
Menos popular entre os iniciantes e com menos espaço no mercado, a linguagem de programação Ruby tem espaços divertidos para os dispostos a explorá-la. A home do Try Ruby é quase um afago ao usuário, com os seus desenhos delicados e indicações de “como fazer” que quase conduzem o aprendiz pela mão. O conteúdo deste ambiente é parte do programa básico da Code School, apoiada pela IBM e também desenvolvida para oferecer uma experiência semelhante a de um game. O lema por lá é “Aprenda Fazendo”. Tutoriais estão presentes, mas exercícios e recompensas etapa a etapa são o forte da proposta.
Na Code School, há também níveis diferentes de contas. Os cursos básicos são os gratuitos. Para se aprofundar, a conta premium, paga, é o caminho, pois permite acesso aos conteúdos avançados.
Desenvolvimento em códigos abertos
Falar em programação com códigos que podem ser modificados e não citar os ambientes e recursos Mozilla é quase uma heresia. Com 15 anos completados neste 2013, a empresa é defensora ferrenha do open source e, além do seu produto mais disseminado, o navegador Firefox, tem outros, igualmente gratuitos, para os interessados em desenvolvimento.
O site Hackasaurus tem a proposta de permitir ao usuário, também de forma bastante intuitiva, através de legos, construir páginas web. Mas, estampando o “jeito Mozilla de fazer”, também permite remixar páginas, a partir de seus códigos. Uma experiência interessante para quem quer começar a desvendar remix em HTML ou Java.
Então, vai ficar apenas querendo aprender ou vai colocar a mão na massa e se tornar um ótimo programador? A escolha é sua e o melhor, sem pagar nada.